A lua a me vigiar. As ruas mal iluminadas da região do largo treze indicavam a mais incontestável insegurança da madrugada. A mesclagem entre árvores e postes de luzes falhantes de esquina para esquina sugeriam um cenário de tensão absoluta, onde qualquer movimento brusco de gato espreitando nos telhados é causa de uma breve alteração do equilíbrio no ritmo contínuo cardíaco. Contudo, o silêncio reinava.
O silêncio, no entanto, muitas vezes relacionado à monotomia e ao tédio, pode ser a maior das ilusões da casualidade, pois fato é que os maiores sustos, os maiores esporros, os maiores barulhos ensurdecedores procedem exatamente do fator em questão, o silêncio.
E a ouvir tudo o que o silêncio tinha a me dizer - e não ouvindo nada que seja possível de acordo com a quântica - foi que notei a relação entre silêncio, meditação, pensamento, e o encontro com o subconsciete.
O subconsiente é conhecido mundialmente através de vários nomes, desde alma e chakra até mesmo a grandeza do poder orientador do Espírito Santo, ou simplesmente o pensamento vago consigo mesmo. O diálogo do subconsiênte para com nosso próprio ser nada mais é do que o simples encontro entre o ser e a metafísica, no qual o mundo real e ousadamente o tempo já nao sao dignos de atenção. É o momento específico em que o olhar parado sobre qualquer ponto fixo sem importância, se desfoca do mundo real e passamos simplesmente - mas nao de baixa complexidade do momento descrito - a olhar para dentro de si. O exato momento em que os ouvidos se fecham sem serem notados; e o tato perde a sensibilidade e a interação com os neuronios falham; e o olfato já debilitado pela gripe do pensamento nao tem função alguma senão cheirar o prazer de viver para o enriquencimento da alma; e a agulha do relógio perde o senso de movimento e qualquer relação de gravidade existentes nas mais complexas leis da física definadas por Deus - pois foi Deus quem as inventou, deixando ao ser humano o simples prazer de as descobrir já estabelecidas na Natureza. E qualquer tumulto ou movimento inesperado é de tão pouca importância, que ainda assim demoraria alguns poucos segundos para que tornassemos ao mundo novamente - ou como diria Machado, tornassemos aos outros - e consiliariamos a interrupção da comunicação metafísica entre alma e o ser com a situação vivenciada no mundo notável aos sentidos biológicos. Segundos esses que na cronometría do subconsciente forneciria tempo suficiente ainda para milhares de outros dialogos e ideias trocadas conosco.
E ao tropeçar em qualquer desnivelação nao programada pelo trajeto autônomo que as pernas traçavam como maior improvisação do subconsiente, foi que tornei a mim mesmo novamente. E embora a maioria dos esportes ou formas de entretenimento executados juntamente com as ferramentas da velocidade e adrenalina suponham uma ideia de sensassão de se estar realmente vivendo, digo aqui que a maior prova de existencia, de sensassão de vida é esse breve diálogo entre ser e subconciênte, que nos difere de qualquer outra forma de vida existente no planeta, deixando claro porém que nao há falta de vida nos demais seres no entanto. Valorize pois um tempo, nem que meros segundos, para conversar com sua consciencia, ligar a metafísica, e olhar pra dentro de si mesmo.
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