terça-feira, 31 de agosto de 2021

 Previsão do Tempo

O vento sopra memórias
Ruge frescas sensações
O mar canta saudade
da calma do ar puro
O que respiro é áspero
E a luz é ruidosa
Os olhos apagam repentino
Só escuto o som escuro
As cores são de plástico
E o cheiro enrugado
O perceber escapa
O rabiscar dispersa
O lembrar evapora
E o pensar se quebra
As vigas florescem
As ondas são sólidas
Os dados coagulam
E as luzes são rochas
O riso é mais seco
O choro mais vago
O abraço mais duro
E o beijo é amargo
A música é rasgada
A arte insípida
A letra sufocada
E a poesia falida

 

Engravidei-me da beleza e nasceu-me a poesia

Maestria do sentir, do respirar o brilho

Do céu e das nuvens

Da calma das árvores

 

Me falta a liberdade do som e das águas

A epifania da paisagem

Quando me engole e me dissolve

 

E eu deixo-me estar

A morrer de poesia

A viver no azul do mar

E nascer na alegria