domingo, 1 de abril de 2018

Poemas de anseio

A identidade do Não Ser

As vezes preciso sair
Eu por dentro sou nublado
gosto de respirar fundo
sentir paisagens
abraçar o vento
e não falar com ninguém
Nem comigo conversar

Só andar
Sem rumo ou missão
A direção tanto faz
Em lugar algum desejo ir
Só ir... ir por aí

Olhar o céu
Sentir cheiro de árvore
ouvir Kings of Leon
Sentir a tal da liberdade
A liberdade do não ser
ou de ter que parecer

Só aí saberei
Quem sou esse que eu sou
Por que este que estou sendo
é só para quem me veem
e me dizem para ser
e me fazem parecer

O que eu quero é ver o mar
dizer a ele quem eu sou
dizer quem eu não sou
Não ter que me apresentar
Nem não possuir nome
Só tirar as roupas pra nadar e ser ele também!












Respirar o momento

Eu me pego em algumas tardes
olhando a chuva, ouvindo o vento
Sei que é errado e o mundo não tem tempo
Temos que ser, temos que fazer
Mostrar muito, aparecer
mas me cansa parecer


Eu quero mais do que só ser

Quero viver, quero sentir
Mas cada momento se esvai
Me perde o gosto antes que eu saiba o sabor

É muita luz, é muito texto
O barulho é contínuo
Não sei nem pra onde olhar
e as vezes até me esforço
paro em cima de um para peito
tento captar, mas nada seguro
Quero prender o momento bem dentro de mim
Mas ele nunca vem
Nem eu sei se estou

Uma música até que ajuda
Essa espécie de entorpecente
Entra aos ouvidos e à alma
mexe com o estado da gente
Mesmo assim, sinto e não me sinto
Estou mas sem estar


E assim prossigo, desatento

Despreso, sem ser livre
Preso na desatenção de toda essa informação
Sem tempo de me ouvir a mim
Às vezes nem me percebo

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