A Alma agita, como se o bem-estar desejasse transparecer pelo corpo toda sua euforia.
Mas por dentro, sente-se tranquilo. Maturidade e a dominância dos impulsos e atitudes adquirida. Sabe o que faz!
Mora sozinho, tem ciência de todas suas dívidas e faz sua própria cabeça...
Trabalha pela dignidade e simples manutenção da armadura de Homem.
Mas por dentro as marés lhe dominam de dia e de noite. Sente o mar sempre próximo de si.
Vai visitá-lo sempre que lhe aparecem oportunidades.
Ouve sempre o que as ondas têm a lhe dizer.
Compreende-as e retribui o cuidado e carinho!
Lhe dá atenção como um beija-flor dá à mais nova anfitriã polinizada do jardim.
Sente-se um monge a quem só lhe entram ideias e não se sai alguma que não seja pela linguagem da alma e do coração, que acumulou conhecimento espiritual através do universo.
E hoje sente-se capaz de ingerir qualquer ensinamento que o som das marés, quebrando na enseada, lhe pronunciam.
E elas lhe dizem sobre como o espetáculo no crepúsculo é bonito visto à beira-mar. Que lhe valeram muito o ingresso, e que retornam lá todos os dias à esse horário, afim de assisti-lo.
E uma sereia chegou para lhe contar uma história. Disse-lhe que certa vez lhe contaram uma lenda sobre o céu e o mar.
A anedota contava que ambos foram criados em mesmo episódio da criação do universo.
E que a cada um lhe foi atribuído um papel na pintura da criação.
Pois sabe-se até hoje, que assim como na ocorrência do saber desde a maçã do Éden, em que misturaram-se os sentimentos e emoções humanas, também ocorreu o mesmo acerca das interpretações sobre o mar e o firmamento. E os viram com maus olhos e entenderam-lhes com ideias erradas.
Pensam-lhe os vaidosos e protetores, que o mar vendo o céu tão liso e amaciado de cores tentou-lhe imitar criando assim um espelho logo abaixo, para que lhe inspire e algum dia assim consiga chegar à tal efeito deslumbrante que é o dégradé.
E explica-se assim os nascidos orgulhosos e ciumentos, pois no momento da confusão interpretativa do céu e dos mares no quadro da vida, pousaram-se sob o primeiro anuviado, acreditando ser a obra primitiva e a quem veio abaixo simples imitação.
Já aos que preferem se molhar nessa viagem e sentir a água do mar lavar o alter-ego, acreditam no oposto.
Esses pensam que a humildade e a mansidão são os pontos altos à se cultivar dessa história desenhada.
E lhes dizem ter sido o céu, que vendo tamanha tranquilidade e independência do mar, quis lhe copiar e reproduziu uma cópia logo acima para lhe enxergar superior e melhor. Mas os surfistas do mar da existência perceberam, por entres as brechas dos raios de sol, a Inveja que causa a cor opaca e borrada dos dias nublados.
E perdoaram-lhe o sentimento cobiçoso, esquecendo-o por entre as ondas do oceano.
Mas percebeu o monge, ao retomar seus sentidos ao mundo material e visível, que onde cruzam-se céu e mar, tanto em som quanto em cor, é onde se cria a arte e todas as coisas boas desse mundo.
E decidiu pairar ali por entre os dois. E flutuar, e ser o meio termo.
Refletiu, por fim, que encontrar o equilíbrio interior é que é a sina da alma.